segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

SÍNTESE DO METABOLISMO DOS AMINOÁCIDOS

          Os seres humanos só conseguem produzir metade dos aminoácidos de que necessitam. A principal molécula que define um aminoácido é o N2 (nitrogênio), e ele só é eliminado do corpo na forma de ureia. 
          A quantidade de nitrogênio existente se define da seguinte forma: 80% da atmosfera e 20% é encontrado nos seres vivos. O N2 precisa ser transformado em amônia para poder ser utilizado pelo organismo. A amônia produzida é importante para os aminoácidos.


                                                                                           (imagem retirada do google)


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 

MORAN.et al. Bioquímica.ed.05.São Paulo.Person Education do Brasil.2013 


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

ÁCIDO ÚRICO


           O ácido úrico é formado pelo metabolismo dos aminoácidos (que formam  proteínas). O excesso de Nitrogênio dessas substâncias  precisa ser eliminado pela urina, na forma de Ureia. Quando esse ciclo é interrompido, parando na metade de seu processo, acontece um acúmulo de ácido úrico( ex: comer muita carne e alimentos ricos em proteína) e o organismo não consegue eliminar todo a ácido produzido, que por sua vez não é transformado em Ureia e não consegue ser eliminado pelo corpo. Desta forma o ácido úrico, forma cristais e é acumulado nas articulações, causando muita dor. 

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

DEFINIÇÃO LIPÍDEOS (GORDURAS)



Os lipídeos são definidos como composto insolúveis em água e solúveis em solventes orgânicos. São moléculas que fornecem energia quando são hidrolisadas (quebradas em partículas menores para formar uma molécula de água) e armazenam energia na forma de triacílglicerol.
     As gorduras da alimentação são estocadas nas células adiposas ( células especializadas em guardar moléculas de gordura).Alguns depósitos de gorduras não são acionados em jejum e são classificados como gordura estrutural do corpo ( gorduras que se localizam nas articulações por exemplo).

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

PRÓXIMA CORRIDA DOS ATLETAS



CORRIDA CROSS COUNTRY SUBWAY® - 3ª ETAPA - ASSOCIAÇÃO COPEL






PROGRAMAÇÃO:
Equipe Organização: a partir das 07:00 horas
Largadas: As 09h00 pelotão 6 km e as 09h05 pelotão 12km
Premiações: a partir das 11:00 horas
Tempo Limite de prova: 3:00 horas
Encerramento: as 12:30 horas
 
CATEGORIAS E PERCURSOS:
6 km Feminino: 16/24, 25/29, 30/34, 35/39, 40/44, 45/49 e 50+ anos
6 Km Masculino: 16/24, 25/29, 30/34, 35/39, 40/44, 45/49, 50/54 e 55+ anos
12 Km Feminino: 18/24, 25/29, 30/34, 35/39, 40/44 e 45+ anos
12 Km Masculino: 18/24, 25/29, 30/34, 35/39, 40/44, 45/49 e 50+ anos
Percurso 12 km com nível de dificuldade alto caracterizado por estradões, mas com muitos momentos 
de trilhas. 
INSCRIÇÕES:
"Individual"
1º Lote até dia 15/01:  – R$ 44,90 (Individual) + taxa site. Todas as formas de pagamento
2º Lote durante a Retirada de Kits e no dia do Evento: - R$ 65,00 (individual). Somente em Dinheiro e Sujeito a disponibilidade de vagas.
Opção de Inscrição com Camiseta Temática será acrescida de R$ 25,00 em qualquer um dos lotes.
Equipes/Grupos: Para 10 inscritos ou mais 10% de desconto (solicitar planilha de inscrição pelo e-mail alan@nossotimebrasil.com.br) pagamento único via depósito bancário.
*OBS: inscrições realizadas on-line terão um acréscimo da taxa de conveniência. (Boleto bancário, Cartões de crédito e débito on-line) e desconto para IDOSO somente na opção sem camiseta.

KIT DO ATLETA:
- Numeral de identificação c/ chip descartável;
- Cupom p/ sorteio de 2 Óculos Oakley e 2 pares de tênis 361º;
- Pontos de Hidratação com Água;
- Medalha de Participação;
- Frutas na Chegada;

95ª CORRIDA DA LUA CHEIA









sábado, 12 de dezembro de 2015

CORRIDA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

CORRIDA NOTURNA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS

Quero agradecer a todos os atletas que cumpriram sua missão neste sábado(12). É com muita honra que venho elogiar essas pessoas ( Amado, Thaina, Zilda, Raimundo e Carla), que com garra superaram o percurso de 5km e 10 km. Parabéns pessoal!!!!



ESTATÍSTICAS DOS ATLETAS


AMADO: Posição geral 25 de 235 atletas na corrida de 10 km. Realizou o percurso em 42'45 ( record pessoal). Parabéns, esta cada vez mais próximo da colocação geral!
         Sua posição na categoria foi de 3º de 25 atletas.



THAINA : Posição geral 186 de 378 atletas na corrida de 5.200 km. Realizou o percurso em 35'47 ( record pessoal) ,mas seu tempo real nos 5 km exatos foi de 34'44. Parabéns!!
         Sua posição na categoria foi de 13º de 29 atletas.



RAIMUNDO: Posição geral 63 de 235 atletas na corrida de 10 km. Realizou o percurso em 47'46 ( record pessoal). Parabéns, esta cada vez mais próximo da colocação geral!
         Sua posição na categoria foi de 3º de 11 atletas.
















BIOENERGÉTICA

BIOENERGÉTICA


          As reações bioquímicas que acontecem no nosso corpo são chamadas de metabolismo, na sua totalidade. Essas reações resultam na síntese de moléculas ( anabolismo) e quebra de moléculas (catabolismo).
          Para nos movimentarmos as células precisam retirar energia dos nutrientes dos alimentos (bioenergética). Existem quatro elementos que compõe o corpo humano, oxigênio 65%, carbono 18%, hidrogênio 10% e nitrogênio (3%). E outros em menor quantidade, como: sódio, ferro, zinco, potássio, magnésio, cloreto e cálcio. 
          Os compostos que contém carbono são denominados orgânicos (carboidrato, proteína e gordura) e os que não tem carbono são inorgânicos (água)
          Toda energia existente na terra tem origem no sol. As plantas absorvem a energia luminosa e pelas reações químicas que acontecem dentro delas, sintetizam carboidratos, proteínas e gorduras. Os animais utilizam esses alimentos para retirar a energia necessária para manter suas funções fisiológicas




Referencia:

POWERS,S,K. HOWLEY,E,T. Fisiologia do Exercício:Teoria e aplicação do Condicionamento e o Desempenho.ed.08.Barueri.Manole.2014

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sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

FISIOLOGIA DA ATIVIDADE MUSCULAR E DA DOR

O ciclo da dor-espasmo-dor

Hipertonicidade:

Desacelera o movimento livre do sangue fresco oxigenado para dentro dos músculos e a retirada das toxinas para fora (exemplo: ácido lático). Quando isso ocorre, a pessoa sente um leve desconforto. Ainda não se desenvolveu nenhuma dor nesse momento. 

Isquemia:

Com a hipertonicidade prolongada, a circulação local (e, portanto, o oxigênio) diminui, causando isquemia. o ácido lático cria íons de hidrogênio que estimulam os receptores de dor (nociceptores) no músculo, pois ele se acumula no músculo e não consegue ser retirado, porque a circulação esta prejudicada pela hipertonicidade. 

Espasmos:

Como os metabólitos não foram removidos do músculo a dor continua.

Redução da amplitude de movimento:

Defesa voluntária:

Manifestações emocionais e psicológicas:

Fibrose:

Com o desuso prolongado do músculo, o compensação e a defesa, ocorrem mudanças teciduais e se inicia o processo de fibrose, o desenvolvimento de um excesso de tecido conjuntivo. A fibrose restringe ainda mais o movimento. Conforme o tecido muscular normal é substituído por tecido fibrótico, o cliente se torna incapaz de movimentar-se e desenvolver suas funções normais.

Pontos de gatilho:

A presença de tecido fibrótico, cria pontos de gatilho, aí que as pessoas procuram ajuda.

Continuação do ciclo:

Os movimentos da pessoa são acompanhados pelo dor irradiante além do ponto inicial de hipertonicidade. Ele experimenta mais hipertonicidade, e o ciclo continua. 

Rompendo o ciclo:

Existem duas maneiras drásticas de romper o ciclo (medicação e cirurgia). A massoterapia é mais simples e eficaz, leva mais tempo, porém, pode trazer efeitos profundos a longo prazo. 




REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA:

VERSAGI,C,M. Protocolos Terapêuticos de Massoterapia.técnicas passo a passo para diversas condições clinicas.São Paulo:Manole.2015.




quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

ANATOMIA E FUNCIONAMENTO DO SISTEMA LINFÁTICO

 Sistema Vascular Linfático

          O sistema vascular linfático faz parte do sistema linfático e tem alguns principais órgãos: como o timo, baço, tonsilas palatinas etc. Sua principal função é a drenagem do líquido tissular- que fica entre a célula e os vasos sanguíneos (interstício)- para a circulação venosa. Eles começam na periferia e terminam na circulação venosa.
          Não possuem bomba central, como o coração que bombeia o sangue para os vasos sanguíneos. O liquido tissular é transportado por mecanismos de movimentos próprios e ativos. 
          Em certos lugares, como no intestino delgado, os vasos linfáticos tem a função de capitar e transportar gorduras alimentares. E também é importante para o sistema imunológico, por transportar anticorpos. Ele também é importante na defesa imunológica.
          


          
          Outra parte importante do sistema linfático, são os linfonodos, que por sua vez servem como filtros da linfa e também na degradação de algumas substâncias estranhas.


          Os vasos linfáticos são divididos em quatro tamanhos: Capilares linfáticos (drenam o líquido tissular), Coletores e troncos linfáticos (transporte ativo), Pré coletores 
(função intermediária entre capilares e coletores)



REFERENCIA:

FOLDI, Michael. STROBENHEUTHE Roman, Princípios de Drenagem Linfática.ed.04. São Paulo. Manole.2012 







terça-feira, 8 de dezembro de 2015

CALENDÁRIO DE CORRIDAS

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015
ESQUENTA CORRIDAS SUBWAY® - 10ª ETAPA - AUTÓDROMO
sábado, 12 de dezembro de 2015
CORRIDA DE RUA NOTURNA DE SÃO JOSÉ DOS PINHAIS - 2015
MARATONA DE REVEZAMENTO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ - MRBC - 2015
CIRCUITO ACADEMIAS DE CAMPO LARGO - 2ª ETAPA - ACADEMIA ACQUARIUM
DRINK AND RUN 2015 - ETAPA CERVEJARIA SWAMP
domingo, 13 de dezembro de 2015
III CORRIDA 10 MILHAS DO PANORÂMICO PINHAIS
CIRCUITO DAS CIDADES 2015 - FAZENDA RIO GRANDE - 2ª ETAPA
3ª CORRIDA DO JUDICIÁRIO - 2015
sábado, 19 de dezembro de 2015
MEIA MARATONA DE REVEZAMENTO - CORRIDA SOLIDÁRIA - 2015
CORRIDA DE NATAL - 2015 - FAZENDA RIO GRANDE/PR
1ª MEIA MARATONA CIDADE DE SÃO MATEUS DO SUL - 2015
domingo, 24 de janeiro de 2016
MEIA MARATONA DE FOZ DO IGUAÇU SUBWAY
1ª CORRIDA DA PONTE
sábado, 30 de janeiro de 2016
SUMMER NIGHT RUN 2016
domingo, 31 de janeiro de 2016
BATEL RUN 2016
domingo, 7 de fevereiro de 2016
2º DESAFIO 15KM - ROTA DO VINHO  - BITURUNA - PARANÁ
8ª CORRIDA RÚSTICA DE PRAIA PORTONAVE - CAIXA 2016 - NAVEGANTES SANTA CATARINA
quinta-feira, 3 de março de 2016
CORRIDA DA MULHER
domingo, 13 de março de 2016
MEIA MARATONA DE JOINVILLE
domingo, 3 de abril de 2016
IV MEIA MARATONA ECOLÓGICA E CORRIDA RÚSTICA DE CAMBORIÚ - 2016
CORRIDA DO REBOUÇAS
domingo, 17 de julho de 2016
MEIA MARATONAL DE PONTAL DO PARANA

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

REFLEXÃO

SÍNTESE DA LEITURA DO LIVRO : EDUCAÇÃO FÍSICA CUIDA DO CORPO E ...”MENTE”, AUTOR : JOÃO PAULO S. MEDlNA .2007

O livro descreve sobre uma sociedade atual que não sabe o verdadeiro sentido da Educação Física. Uma sociedade consumista que consome a si própria. Veja, por exemplo, a “moda do corpo perfeito” dos últimos tempos.  Parece que, de repente, ter corpo perfeito significa que você acabou de adquirir um produto-recentemente inventado em Paris. Os profissionais de Educação Física não devem cair nas armadilhas do consumismo. Devemos ter o senso crítico em relação a Educação Física, para anunciar seus reais benefícios.
Ele também relata que é preciso acontecer uma revolução, que comece com uma crise, que para crescermos como sujeitos sociais, precisaremos, entre outras coisas, aprender a criticar e ser criticados. Isso vale dizer que, ao incorporar a humildade, o desprendimento, o profundo respeito às pessoas, a confiança e a esperança, estaremos aprendendo a ser "pedra" e "vidraça" com a mesma facilidade e desinibição; o que significa reconhecer as regras de um verdadeiro diálogo. Isso só acontecerá se dispusermos a assumir um compromisso com nós mesmos, com os outros, com o mundo e com a vida.
Pensar numa inversão dessa ordem estabelecida em nossa sociedade de consumo
parece estar fora de cogitação para a maioria. A superficialidade e a inautenticidade têm caracterizado a maior parte de nossas relações sociais.
É, no mínimo, interessante perceber que determinados assuntos relevantes, e mesmo decisivos para a realização plena do homem e da sociedade, são simplesmente marginalizados, como se houvesse coisas mais importantes. É nessa perspectiva que se torna necessária, antes de mais nada, a nossa determinação em participar desse processo de transformação do homem e da sociedade brasileira.
O que diferencia fundamentalmente os seres humanos dos outros seres vivos são suas consciências. A consciência do homem pode ser entendida como o estado pelo qual o corpo percebe a própria existência e tudo o mais que existe. Dessa forma, poderíamos dizer que a consciência está gravada no corpo. O próprio conceito de liberdade não pode deixar de lado essa referência. Desta forma, a consciência pode representar a nossa liberdade ou a nossa prisão. Voltando à comparação do homem com outros seres vivos, em especial com outros animais, vamos notar que a racionalidade do homem lhe dá a oportunidade de transcender, de ultrapassar o determinismo biológico característico dos demais seres. Ao homem é possível, portanto, a opção de escolha. Pode, até certo ponto, escolher o seu caminho. E isso é liberdade. Mas, devemos lembrar que a liberdade não se ganha, e sim, se conquista.
O homem só pode crescer quando começar a perceber suas próprias atitudes e começar a muda-las, em relação aos outros.
A teoria freiriana distingue três graus de consciência em relação às possibilidades que as pessoas têm de interpretar e de atuar no mundo em face de suas existências.

O primeiro nível de consciência caracteriza aqueles indivíduos incapazes de percepções além das que lhes são biologicamente vitais. Vivem praticamente sintonizados no atendimento básico de suas necessidades de sobrevivência, como: alimentação, relacionamento sexual, trabalho e repouso, que são as necessidades biológicas vitais. Usando uma expressão de Martin Heidegger, diríamos que esse tipo de homem se constitui em um "ser no mundo" plenamente "possuído pelo mundo". Essa consciência é chamada intransitiva.
No segundo nível de consciência aparece a consciência transitiva ingênua. Os portadores dessa modalidade de consciência são capazes de ultrapassar os seus limites vegetativos ou biológicos. Restringem-se, entretanto, às interpretações simplistas dos problemas que os afligem. Suas argumentações são inconsistentes. Acreditam em tudo que ouvem, leem e veem ou, por outro lado, assumem posições tendentes ao fanatismo. Esses indivíduos são dominados pelo mundo como objetos, ou porque não conseguem explicar a realidade que os envolve, ou porque seguem prescrições que não entendem.
Já o terceiro nível, finalmente, temos , uma consciência capaz de transcender amplamente a superficialidade dos fenômenos e de se assumirem como sujeitos de seus próprios atos. Apoiam-se em princípios causais na explicação dos problemas. Eliminam
as influências de preconceitos. Percebem claramente os fatos que os condicionam em suas relações existenciais, tornando-se capazes de transformá-las. Esta é a consciência transitiva critica. Só é possível alcançar este último grau crítico de consciência por intermédio de um projeto coletivo de humanização do próprio homem e também com um diálogo entre as pessoas. Mas um diálogo que ultrapasse as limitações que normalmente lhe são impostas
nas relações entre as pessoas.
Uma primeira atitude e condição para que o diálogo aconteça é o amor. O segundo fundamento para tornar possível o diálogo é humildade, ou seja, a atitude pela qual o sujeito se reconhece inacabado e percebe a necessidade de dialogar e colaborar com outros para transformação do mundo que o envolve e desenvolver-se como pessoa. Outro fundamento importante é a esperança na possibilidade de que todo homem tem de assumir-se como sujeito. Outra é a confiança no homem em geral, e concretamente nas pessoas com quem se convive e trabalha, é outro fundamento para o diálogo.
Dessa forma, o diálogo necessita também daquilo que Paulo Freire chamou de serviço.
 O serviço supõe que a busca da auto realização se faça por meio da promoção humana do outro, o que por sua vez, implica a renúncia ao modo de realização individualista.E como último fundamento para que o diálogo se efetive temos o testemunho, que é a forma mais elevada de serviço. Esta atuação decorre de uma opção radical e coerente, pela qual se exige tudo de si, antes que dos outros.
  Um processo de consciência coletiva que leve o homem, através da ação, a
Usar na conclusão
buscar sempre a sua realização plena, melhorando a qualidade de sua vida, conjuntamente com os outros.
Quem decide em favor da vida tem de "mergulhar" nela em sua totalidade. E quem decide mergulhar não pode esperar molhar apenas uma parte de seu corpo.
 Quem mergulha molha-se "inteiro". Ou se acredita no homem ou não se acredita. Precisamos assumir posições quaisquer que sejam elas, fundamentá-las criticamente e defendê-las.
E, acima de tudo, há de se respeitarem as posições contrárias. Não é possível conviver semesses conflitos e contradições, se é que pretendemos buscar um projeto coletivo de convivência mais humana. Um projeto coletivo que comece no respeito ao indivíduo como pessoa.
Todo indivíduo que depende do seu trabalho vive num contexto sociocultural, político e econômico, e a ele está condicionado.
Qualquer que seja a especialidade do homem que trabalha, sua tarefa deve ser percebida dentro da totalidade em que funciona. Caso contrário, torna-se atividade alienante, fazendo com que aquele que a desempenha se caracterize mais como objeto do que como sujeito, dono do seu próprio processo existencial.
Em algumas profissões, talvez mais do que em outras, essa percepção do todo, esse desvelar do mundo considerado por meio da interação do sujeito com os outros sujeitos, torna-se ainda mais fundamental. É este o caso do professor, em especial, do professor de Educação Física.
Outra importante questão é compreender o pedagógico da ação política e o político da ação pedagógica reconhecendo-se que a educação é essencialmente um ato de conhecimento e de conscientização e que, por si só, não leva uma sociedade a se libertar da opressão...
Depois de Paulo Freire ninguém mais pode negar que a educação é sempre um ato
político. Mesmo aqueles que tentam argumentar o contrário, afinando que o educador não pode "fazer política", estão defendendo certa política, a política da despolitização ... Se a educação brasileira sempre ignorou a política, a política nunca ignorou a educação. Não estamos politizando a educação. Ela sempre foi política. Ela sempre esteve a serviço das classes dominantes.

Costuma-se distinguir , entretanto, essa manifestação efêmera como a “moda”, passageira, de outras de caráter mais permanente ou duradouro, estas chamadas por alguns de verdadeiramente culturais.
As atividades físicas, como expressão de lazer, como expresso de trabalho ou como expressão de valorização genuinamente humana, têm sido motivo de maior atenção nos últimos tempos por parte de psicólogos, psiquiatras, sociólogos, educadores, filósofos, obviamente, políticos.
Usar na conclusão
De repente, curtir, moldar, cuidar do corpo passou a ser moda. E mil providências foram tomadas e, claro, colocadas no mercado, para que estas mais "recentes necessidades" das pessoas fossem atendidas.
De repente, é preciso cuidar do corpo. É preciso tirar o excesso de gordura. Épreciso melhorar o desempenho sexual. É preciso melhorar o visual. É preciso competir. É preciso, acima de tudo, vencer. Vencer no esporte e vencer na vida. Mas acontece que nunca perguntamos a nós mesmos o que é realmente vencer na vida.
Dentro deste panorama, a Educação Física se desenvolve e prolifera em nosso país. E hoje, mais do que em nenhuma outra época, ela vem atendendo a toda essa demanda da sociedade de consumo. Dessa política e econômica apresentam problemas que só o governo, por intermédio de políticos e tecnocratas, poderia resolver e discuto:,e ninguém mais.
Os homens como um todo têm que se fazer sujeitos da história, e não objetos. Devem fazer-se livres, e não alienados.
Não se pode esquecer que estamos todos envolvidos pela mentalidade do ter mais, mesmo que isso implique ser menos.
Por mais paradoxal que possa parecer, as propostas alternativas de abordagem do corpo e de seus movimentos têm surgido muito mais fora do circulo da Educação Física do que de dentro dele.  Mesmo as críticas cada vez mais acentuadas às atividades militarizadas, como a calistenia e algumas modalidades de ginástica, ou ainda a aspectos como a monocultura do futebol em nosso país, a musculação ou o halterofilismo feminino, a especialização precoce, o real valor de esportes como o atletismo, o basquetebol, o tênis e o boxe, e muitos outros assuntos que deveriam dizer respeito ao profissional da Educação Física, não são devidamente pesquisados nas escolas, com seus currículos ultrapassados.
E é assim que os seus profissionais ou futuros profissionais não se posicionam
criticamente, a favor ou contra, em relação a muitos assuntos que lhes deveriam preocupar.

A EDUCAÇÃO FíSICA CUIDA DO CORPO ... E "MENTE"

O conhecimento adquire significação quando é "incorporado", quando se dissolve no corpo. Somente dessa forma o conhecimento altera a qualidade de ser do homem.
Usar na conclusão
Segundo George Gurdjieff, por exemplo, há uma diferença básica entre conhecer e entender: o conhecimento - a aquisição de fatos, dados, informações - é útil ao esenvolvimento humano apenas até o ponto em que aquilo que foi adquirido é absorvido ou assimilado pelo nosso ser, isto é, só até o ponto em que é entendido. Se alguma coisa é sabida mas não entendida, haverá mentiras sobre ela porque não podemos transmitir uma verdade que não conhecemos.
A escola, como instituição oficial, é fértil em produzir esse tipo desconhecimento. Sem maiores comprometimentos com a verdadeira natureza do ser humano e, portanto, sem maiores preocupações com os aspectos mais significativos do seu crescimento, pouco contribuem para que os alunos se realizem como pessoas, embora, às vezes, auxiliando-os em sua formação profissional. Mas de que valem as profissões e o próprio trabalho, se não contribuírem para dar soluções aos nossos problemas mais essenciais e em melhorar a qualidade de nossa existência?
O corpo humano, salvo raras exceções, é tratado pura e simplesmente como um objeto em nada diferente de uma máquina qualquer: um carro ou, na melhor das hipóteses, um computador mais sofisticado. Assim, eliminam-se dele todas as peculiaridades do animal
Usar na onclusão
racional capaz de falar, sorrir, chorar, amar, odiar, sentir dare prazer, brigar
e brincar, capaz de ter fé e transcender, com sua energia, a própria came.
Visite uma dessas grandes clínicas médicas especializadas em algum pedaço do corpo e a situação se tornará evidente. Outro dia, meu pai, necessitando de uma radiografia do estômago, foi testemunha do ponto a que chegamos: sentado há algum tempo na sala de espera, ouviu a seguinte frase do radiologista para sua assistente: "ük, mande entrar o próximo estômago". O caso parece episódico, mas na verdade é bem sintomático e crescente, não só na medicina, como também em outras profissões especializadas, entre elas a Educação Física. Exemplos alarmantes de desrespeito à totalidade e à dignidade do ser humano são observados a todo momento. Falta a todas essas especializações um referencial básico que valorize o homem. O que ocorre é que essa valorização parece diluir-se gradativamente, à medida que tentamos compreender o todo a partir das partes. A especialização não pode deixar de levar em conta esse  referencial básico de valorização do homem para, em cima dele, crescer.
 O que pretendo é, tão-somente, demonstrar a necessidade de uma compreensão tão global quanto possível da nossa existência como fenômeno essencialmente humano, recuperando, assim, os seus mais legítimos valores, entre eles a própria dimensão do corpo.
Este conceito persiste, em virtude das fortes crenças na noção de divisibilidade do homem. Dllf resulta outro conceito historicamente velho e profundamente enraizado de que a educação trMa das atividades mentais, a religião das atividades espirituais, e as atividades
físicas não s6 têm pouco interesse para o educador e o te6logo, mas são também, na realidade, de nível inferior e não merecem a atenção dos que se preocupam com as atividades "mais elevadas" e "mais significativas" do espírito e da mente.
Também aqui surgem limitações de ordem prática. Dois dos principais tipos de monismo são o materialista - que interpreta a realidade fundamentalmente em função da matéria. Suas conseqüências têm desembocado no senso comum em posturas que empobrecem a própria dimensão corpórea do homem, excluindo-se suas potencialidades e expressões mais significativas.
 E o idealista - que reduz a matéria a uma simples aparência mental. No monismo idealista, a realidade fundamental é o espírito. Nesse conceito, desconsidera-se o corpo, entendendo-o como um simples instrumento acessório do espírito.
Acredito que a filosofia, como disciplina de conhecimento, assume sua função mais nobre quando ultrapassa o seu hermetismo elitista e penetra no senso comum, democratizando-se e, portanto, sendo útil às pessoas.
Consideremos, inicialmente, a posição dualista ou pluralista, que interpreta, respectivamente, a alma e o corpo, ou o corpo, amente e o espírito como substâncias nitidamente distintas e irredutíveis. Tal concepção tem levado o homem, através dos fundamentos que o norteiam, à sua fragmentação.
Nesse pmticular concordo com Delbert Oberteuffer e Celeste Ulrich, quando, em sua obra Princípios da Educação Física, observam que: Concordo ainda quando afirmam que mesmo na Educação Física há os que agem pensando nessa noção de divisibilidade do homem:
Desenvolver o corpo parece, para esses profissionais, um trabalho relativamente simples, que se executa através de exercícios e treinamentos contínuos. E se o exercício é o objetivo principal da Educação Física, então, por que se incomodar com outras coisas'? E a linha de argumentação é sempre deste teor.O corpo não recebe a dignidade que lhe cabe. Continuará sendo um amontoado de carne, ossos, pele e alguns outros acessórios, só se mantendo vivo enquanto houver uma alma ligada a ele.
O homem é um ser incompleto e inacabado, e são as suas relações com os outros e o mundo o que o tornam possível. O homem isolado é uma abstração.  O homem concreto é aquele entendido no seu contexto, inseparável de suas circunstâncias, onde suas relações se fazem dinâmica e reciprocamente.
Os trabalhos de Karl Marx foram bastante expressivos. Ele valorizou definitivamente o papel social do homem e percebeu o seu vínculo com a natureza, chegando a afirmar até que "a natureza é o corpo inorgânico do homem".
Observamos, anteriormente, que o homem é um ser por se fazer. Um ser incompleto, inacabado, e que só é viável por meio de suas relações com os outros seres e com o mundo.
A educação seria um processo pelo qual os seres humanos buscam sistemática
ou assistematicamente o desenvolvimento de todas as suas potencia!idades, sempre no sentido de uma auto-realização, em conformidade com a própria realização da sociedade.
Nas palavras de Saviani, ela seria "o processo de promoção do ser humano que, no caso, significa tornar o homem cada vez mais capaz de conhecer os elementos de sua situação para intervir nela, transformando-a no sentido de uma ampliação da comunicação e colaboração entre os homens" É por intermédio dessas transformações que se atende à grande finalidade da educação como processo: tornar as pessoas cada vez mais humanas.
O se humano esvazia-se, na proporção em que objetivos menores são tomados como
as grandes metas do processo educativo. Na caracterização do significado da educação, ficou implícito que o ato educativo só se completa quando se provoca uma mudança no comportamento e em nossas atitudes.
Usar na conclusão
Todos nós deveríamos entender que a palavra, por exemplo, seja escrita ou falada, por si só não provoca mudanças no comportamento.
Não é a palavra nem o gesto, ou mesmo a imposição do professor sobre o aluno, que vão educá-la verdadeiramente. Nesse sentido, ninguém educa ninguém. O contato do mestre com o discípulo pode ser uma riquíssima troca de energias, em que o primeiro tem as suas responsabilidades específicas e, portanto, age como incentivador e organizador!" do processo educacional sistematizado, mas, ao mesmo tempo, poderá receber estímulos igualmente educativos, se assim o decidir. Poderíamos dizer, então, que numa efetiva interação entre professor e aluno, ambos se educam, O profissional de Educação Física que percebe essa relação afetiva transforma a sua ação em um gesto de amor em que todos se beneficiam.
As sinergias musculares que caracterizam fisiologicamente o movimento humano serão tanto mais ricas quanto mais trouxerem no seu bojo uma expressão significativa da própria vida, caso contrário, tornam-se gestos mecânicos em nada diferentes daqueles de que é capaz um robô ou outra máquina qualquer.
Entre as finalidades mais autênticas e legítimas da Educação Física e sua realização prática, cujo profissional se coloca face a face ou corpo a corpo, diante daqueles que estão sob sua orientação, é que se interpõem as barreiras que precisam ser vencidas. E é também aí que
aparecem as verdades e as mentiras de cada uma de nossas ações.
É da consideração dessas situações práticas que acontecem no ginásio, no campo, na quadra, na piscina, na pista, no salão de danças, no tablado de tatame, no pátio, no bosque, na sala de aula, ou mesmo na rua, que ficam anuladas as abstrações sem sentido. Tomemos como exemplo o ato de andar ou correr, instrumento dos mais naturais utilizado pela Educação Física. Se o profissional da área, seja ele educador em uma escola ou treinador em um clube esportivo, considerar tal ato em sua forma "bruta", isto é, no seu sentido fisiológico mais vulgar - como é comum, sem interpretá-lo em toda a sua essência - estará a empobrecê-lo substancialmente. O correr de uma criança não é o mesmo de um adulto, como o andar de uma mulher não é o mesmo de um homem, Da mesma forma, o andar e o correr de um
homem não são iguais ao de outro. O caminhar da pessoa de uma classe social carente não tem o mesmo significado do caminhar de alguém vindo de uma classe social mais favorecida, O mesmo podemos dizer a respeito de cada movimento humano, que não se repete de forma mecânica e idêntica, não só de uma pessoa para outra, mas também se diferencia na mesma pessoa em momentos distintos.
Hoje eu posso correr, sentindo-me disposto, leve e alegre, Amanhã, por um motivo
qualquer ou mesmo sem motivo aparente, talvez esteja me sentindo indisposto, pesado e triste, embora possa estar melhor fisiologicamente (mais treinado ou adestrado) em relação há algum tempo.
Correr três mil metros em dez minutos pode ser um objetivo imediato, particular ou específico de um programa de Educação Física, mas nunca uma finalidade em si, nem mesmo em um esporte de alta competição.
O ser humano se movimenta sempre de uma forma simbólica e expressiva, Aquele que não procura interpretar essas significações não pode estar sabendo exatamente o que está fazendo.
O aumento indiscriminado do número de escolas de Educação Físican o período de 1968 a 1975, embora tenha sido um sintoma de abertura do mercado de trabalho, provocou uma inevitável queda da qualidade de ensino, obrigando as escolas à absorção de pessoal docente sem os requisitos  necessários para exercer as suas funções.
Como resultado, foram - e estão sendo - jogados no mercado profissionais totalmente desqualificados para a realização de papéis com cunho educativo.
 Só mesmo uma firme convicção e a esperança nas reais possibilidades do homem é que poderão manter vivas as forças capazes de transformar a escola em um templo onde se cultive o efetivo saber e que colabore com os aspectos afetivos e psicomotores dos educandos.
PERGUNTA: Em sua opinião, o que é Educação Física?
RESPOSTAS: "Acho que é saber de uma maneira mais correta, mais adequada
e precisa em como educar o físico."
"Educar o físico (e a mente), não podemos nos restringir apenas a educar e desenvolver o indivíduo apenas fisicamente temos também que educar a mente desses alunos que nos chegam em pleno período de transição. Não existe só o corpo, temos também a cabeça, cérebro. Os movimentos não podem ser mecânicos, sem vida, há um motivo para fazer o que esta fazendo, e eles devem saber o que estão fazendo e porque.
Se, como vimos, definir a Educação Física parece ao estudante uma tarefa tão complicada, isso talvez seja um sinal indicativo de que os próprios professores e demais técnicos especializados também não tenham deixado muito clara a noção de seu significado.
Nada é mais revelador da carência de reflexão e fundamentação nessa atividade profissional do que tentar posicionar os papéis da Educação Física, ou seja, situar os seus propósitos.
Toda manifestação humana é movida por valores que determinam certos ideais, certas finalidades e certos objetivos. Evidentemente, esses valores são culturalmente moldados e se modificam de acordo com as variáveis que o momento histórico lhes impõe.
É nesse contexto que os objetivos da Educação Física têm variado em gênero e número através dos tempos. Na época do Império, por exemplo, a nossa educação era nitidamente dividida em uma educação intelectual, outra moral e outra física, que correspondiam respectivamente às dimensões da mente, do espírito e do corpo.
A Educação Física daquele tempo tinha como preocupação básica melhorar o nível de saúde e higiene da população escolar. Da mesma forma, considerar que a grande meta da Educação Física ainda hoje seja a aquisição e a manutenção da saúde - por meio de preceitos de higiene que incluam algumas sessões semanais de ginástica - significa estar atrasado um século.
Uma verdadeira educação deve criar condições para que  aluno se torne sujeito de sua própria história; ao contrário, o que faz é promover uma instrução que leva suas vítimas, na melhor das hipóteses, a uma produtividade alienante.
Mas, apesar de tudo, fiquemos ainda com a esperança, por um desses alunos que, na simplicidade de suas palavras, não deixa de demonstrar uma certa frustração com aquilo que a escola lhe proporcionou: "A Educação Física é um artifício não muito bem utilizado por todos nós professores, futuros professores e mesmo pais e demais pessoas. Apesar disso, acredito no valor da Educação Física como um meio muito bom de desenvolvimento físico e mental, que auxilia no desenvolvimento total do homem ... Só que para auxiliar nós precisamos melhorar muito o nosso preparo. Espero que consigamos".
A grande falha da escola como instituição oficial não está só naquilo que ela se propõe a ensinar, mas também na irresponsabilidade e no descompromisso com que os estudantes aprendem efetivamente.
Retomemos mais uma vez o termo "saúde", tão utilizado como expressão ligada aos objetivos da Educação Física. Mesmo considerando o moderno conceito de "um estado de completo bem-estar físico, mental e social", este seu sentido pode não estar contribuindo em nada para um ato educativo mais eficaz. Se algo não se processar na consciência do professor e do aluno, tal conceito continuará tão vago quanto qualquer outro de épocas anteriores. É preciso, antes de mais nada, que se entenda visceralmente o que é esse estado de completo bem-estar físico, mental e social.
A preocupação fundamental da Educação Física seria apenas com um bem-estar físico? Se a resposta for negativa, qual é o exato significado de um bem-estar mental e social? Um estado de completo bem-estar social é estar de pleno acordo com as regras que a sociedade nos impõe? Contestar uma sociedade doente como a nossa não seria por acaso
uma atitude profundamente saudável? Se contrariarmos os valores vigentes não seremos taxados de desequilibrados, ou mesmo loucos ou alienados? O que é, na verdade, ser alienado? São perguntas que devem ser respondidas criticamente por todos aqueles que estão à procura de um ato educativo autenticamente democrático, libertador e, portanto, humano.
Enquanto não se repensarem com mais clareza e profundidade as situações como as da vida estudantil brasileira, com todas as suas variáveis de caráter sociopolítico, econômico e cultural em que se processa o aprendizado com sentido educativo, sua pobreza estará seguramente garantida.
Que duvida poderá subsistir de que a vida do cérebro e, conseguintemente, a da inteligência tenham como fatores essenciais a vida muscular, a vida nervosa e a vida sanguínea, isto é, a regularidade harmoniosa de todas as funções e a saúde geral de todos os órgãos do corpo?
Usar na conclusão
E isto a Educação Física não tem levado em consideração. O seu papel tem sido muito mais o de uma domesticação, reforçando as consciências intransitivas e ingênuas, do que de uma superação (libertação) das limitações e dos bloqueios com os quais estamos envolvidos em termos de pensamento, sentimento e movimento.
Enquanto as escolas de Educação Física não se convencerem de que, a par das informações técnicas dadas aos seus alunos, devem dar a eles subsídios que os ensinem a viver mais plenamente dentro de todas as suas dimensões intelectuais, sensoriais, afetivas, gestuais e expressivas, estarão sendo inautênticas, pobres e insignificantes no sentido de promover vidas mais cheias de vida.
Enquanto os profissionais de Educação Física não abrirem os olhos procurando penetrar em sua realidade de forma concreta por meio da reflexão crítica e da ação, não serão capazes de promover conscientemente o homem a níveis mais altos de vida, contribuindo assim com sua parcela para a realização da sociedade e das pessoas em busca de sua própria felicidade.
Uma Educação Física preocupada exclusivamente com seus objetivos particulares e, consequentemente, desvinculada de suas finalidades mais gerais, não pode estar atendendo às
nossas necessidades mais caras.  
Essa ação que a Educação Física vem desenvolvendo no plano educacional - entendido em toda a sua extensão - constitui-se, por assim dizer, numa verdadeira mentira.
Cada época deve ser analisada pela ótica da realidade que a circunscreve e não faz sentido a aplicação de princípios antes prevalentes mas que atualmente se mostram superados pelos novos conhecimentos estabelecidos. Nas ciências não existem verdades eternas. Tudo ocorre de maneira dinâmica, e é assim que a Educação Física deve evoluir, enriquecida constantemente por elementos mais significativos ao crescimento humano.
Acredito que somente de uma maneira integral o corpo poderá se constituir num objeto específico da Educação Física como uma ciência do movimento.
Mesmo no caso do esporte de alta competição, em que os objetivos se voltam para o rendimento e o resultado, a vida mais plena do homem não pode, em hipótese alguma, ficar comprometida.
Qual é o sentido de um esporte que se esqueceu de que existe para melhorar a qualidade de vida dos homens, e não para robotizá-los na busca obsessiva e indiscriminada do recorde ou do primeiro lugar, transformando-os, às vezes, em monstros humanos?


UMA NOVA PERSPECTIVA PARA A EDUCAÇÃO FÍSICA

Só ao humano é permitida a percepção de si mesmo, dos outros, dos seus próprios atos,do mundo e de toda uma realidade que o caracteriza, ao mesmo tempo em que pode ser modificada artificial e intencionalmente por ele.
Delimitando nossa área de análise à realidade brasileira, podemos dizer que, no caso da Educação Física, ela tem sido incapaz de justificar a si mesma, quer como disciplina formal e predominantemente educativa, quer como atividade que auxilie alguns aspectos do desenvolvimento humano fora da escola e, em especial, no esporte de alta competição ou
de rendimento. Isso se deve preponderantemente à falta de disposição crítica que tem caracterizado esse campo específico do conhecimento.
Muito pouco se tem refletido - pelo menos de maneira séria e profunda, sobre o real significado de uma cultura do corpo que fundamente a Educação Física, propiciando, por parte de seus profissionais, uma atuação coletiva mais comprometida com um real estado de bem-estar físico, mental e social de toda a comunidade nacional, e não apenas da parcela privilegiada representante de uma minoria.
Evidentemente, a tarefa do nosso profissional de Educação Física em sua função básica como agente renovador e transformador da cultura subdesenvolvida em que vive só poderá se concretizar por intermédio de uma prática. Somente as nossas ações é que poderão efetivar mudanças numa determinada situação. Contudo, qualquer prática humana, sem uma
teoria que lhe dê suporte, torna-se uma atitude tão estéril (apenas imitativa) quanto uma teoria distante de uma prática que a sustente.
Mas para que serve à Educação Física nacional uma discussão dessa natureza? Acredito pessoalmente que ela seja ponto decisivo para a elaboração de uma metodologia que conduza, de uma forma mais ou menos lúcida e organizada, qualquer processo de alteração dos valores socioculturais vigentes para outros mais compatíveis com o desenvolvimento das potencialidades humanas. 
A superação de uma consciência comum, convertendo-a em uma consciência filosófica cada vez mais crítica e, portanto, apta à transformação, implica necessariamente perceber, implícita ou explicitamente, que as relações entre nossas ações e reflexões são fenômenos que se completam e que, embora possam ser consideradas de maneiras distintas, não se excluem.


E a teoria que não se enraíza neste pressuposto não é teoria porque permanece no horizonte da abstração, da conjetura, porque não ascendeu ao nível de ação.
Práxis entendida como o coroamento da relação teoria/prática e como questão, eminentemente humana. O animal absolutamente não pode ser o ser da práxis?
(...) é no fazer que (o homem) se faz constantemente, e nesta relação, ele cresce e se "define" como homem. O que é práxis? Não sendo prática pura é a prática objetivada (individual e socialmente) pela teoria.
 A práxis, enfim, é a ação com sentido humano. É a ação projetada, refletida, consciente, transformadora do natural, do humano e do socia1.
Os currículos das escolas atuais não se preocupam em fundamentar essa importante área do conhecimento humano, dando-lhe uma base teórica mais sólida. Mais do que nunca, tem-se reforçado a idéia de ser ela uma disciplina exclusivamente prática, sem maiores necessidades de reflexões que questionem o valor de suas atividades para a formação integral da mulher e do homem brasileiros.
O que tem sido preservado com muita eficiência é um determinado conjunto de atividades (conteúdo) que talvez atenda aos fins utiJitaristas e funcionalistas de todo um sistema, mas que pouco ou nada tem contribuído para as finalidades de uma autêntica educação brasileira.
Nesse sentido, não é exagero concluir que estamos diante de uma Educação Física quase acéfala, divorciada que está de.um referencial teórico que lhe dê suporte como atividade essencialmente - mas não exclusivamente - prática.
Desse prisma, torna-se fundamental que todos os envolvidos na causa da Educação Física nacional pensem e repensem constantemente as suas bases filosóficas, buscando resgatar a essência do ato verdadeiramente humano e para que, dentro de nossa realidade, possamos encontrar novos caminhos, fatalmente diferentes daqueles trilhados até aqui.
O certo é que a Educação Física não sairá de sua superficialidade enquanto não se posicionar criticamente em relação aos seus valores, ou, em outras palavras, não se questionar quanto ao real vaIor de sua prática para as pessoas e para a comunidade a que serve.
E quando digo que a Educação Física não é capaz de justificar a si mesma, ou que não é capaz de encontrar a sua própria identidade, isso na verdade, quer dizer que os seus profissionais não são capazes de justificá-la ou de dar uma identidade a ela (e, por consequência, não conseguem defini-la satisfatoriamente).

Trocando em miúdos: quem faz a Educação Física são as pessoas nela envolvidas de uma forma ou de outra. Assim, as finalidades, os objetivos, os conteúdos, os métodos e o próprio conceito dessa disciplina são condicionados pelo grau de consciência individual e coletiva dos que trabalham nessa área da atividade humana.
Um professor, por exemplo, precisa se comprometer com a sua visão educacional para poder desenvolver o seu trabalho eficientemente, contribuindo com o crescimento de seus alunos. Nesse sentido limitado, vale mais até aquele mestre tradicional que se utiliza de métodos considerados ultrapassados mas vocacionado para a sua missão do que aquele que, embora usando técnicas modernas de ensino, não sabe ao certo o que está fazendo.
 Embora as ciências tenham alcançado níveis nunca antes igualados em termos de rendimento (desempenho), creio ser válido questionar se todo esse "progresso" tem contribuído de fato para o verdadeiro progresso humano, na medida em que ele estiver condicionado por elementos que o tornam manifestação alienante ou dirigida para o interesse de uma pequena "casta" social. O que se vê, hoje em dia, é que, na busca indiscriminada do recorde, do primeiro lugar, da vitória, às vezes ganhamos a competição e perdemos a vida (quando não ocorre temos ou tomamos ao realizá-la.
O conjunto de atitudes que tomamos caracteriza a nossa postura. E essa postura só é válida quando implica assumir compromissos (e não apenas "assumir" certos conceitos). Uma análise criteriosa das variadas concepções da Educação Física deve envolver, evidentemente, o contexto histórico-cultural (sociopolítico-econômico) em que se insere a cultura do corpo e a própria Educação Física.
 Tal análise também não pode deixar de levar em conta que os seres humanos, apesar de guardarem certas semelhanças fundamentais entre si, são muito diferentes uns dos outros.
Por essas constatações podemos concluir que a evolução da Educação Física não depende tão-somente da evolução natural, objetiva e neutra que as ciências, que lhe dão suporte, alcançam com o passar do tempo. Esta me parece uma visão muito simplista do problema em de perdermos os dois), pois abafamos as manifestações mais sinceras de respeito aos nossos concorrentes, amor pelas pessoas, solidariedade entre os homens, justiça social para todos, crença no ser humano e compromisso com a vida, em sua mais pura acepção.
No caso brasileiro é preciso realizar uma revolução nos espíritos e nos fatos, e, para isso, a primeira condição é criar, ou recriar, uma concepção sã e clara da Educação Física, do Desporto e do Esporte para Todos, baseada em conscientização honesta e atual e derivada
de uma mudança de comportamento social e político.

A primeira condição de êxito é criar - ou recriar - uma concepção sã e clara da Educação Física, para finalmente desenvolver uma outra corrente social".
Profissionais substituam sua visão vulgar de corpo, de homem e de mundo, e adquira uma consciência mais crítica, único caminho para que aquele projeto de humanização se efetive.
Essa primeira concepção está apoiada na visão do senso comum. Senso comum aqui entendido como a visão mais corriqueira, mecânica, simplista e vulgar que se faz do ser humano e do mundo. De maneira que ela recebe forte influência da tradição e, de celta forma, da pedagogia tradicional.

E como essa pedagogia possui uma visão dualista ou pluralista do homem, tendo como uma de suas características a produção de um "espírito" superior, erudito, culturalmente intelectualizado, tende a desvalorizar o corpo, ou considerá-lo num plano secundário, embora não o admita tão explicitamente.
Por essa razão, quando trabalha o corpo, faz isso de maneira fragmentada e não o percebe além dos seus limites biológicos.
Assim é que os profissionais portadores dessa concepção se sentem muitas vezes constrangidos ao assumir o papel de educadores, desvalorizando-se a si próprios e sendo desvalorizados pela comunidade na qual trabalham. O seu conceito básico é que a Educação Física se constitui numa "educação do físico".
Claro está que uma tal educação é muito mais um adestramento do que educação propriamente dita. Sua preocupação fundamental é com o biológico, com os aspectos anátomos-fisiológicos. Preocupa-se com os aspectos fisicos da saúde ou do rendimento motor do homem.
 Os adeptos dessa concepção definem a Educação Física simplesmente como um conjunto de conhecimentos e atividades específicas que visam ao aprimoramento físico das
pessoas. Os aspectos psicológicos e sociais aqui ocupam um papel periférico, secundário ou mesmo irrelevante.
Certas doutrinas naturalistas, nacionalistas e outras de origem militar tiveram influência marcante nessa concepção. Esse fato ajuda a justificar algumas de suas características, inclusive a de não se respeitarem muito as diferenças individuais, já que comumente a orientação é que a mesma atividade seja realizada identicamente por todos.

O perfil apresentado nos permite concluir que aqueles que ainda hoje, mesmo diante de toda a evolução alcançada pela ciência e pela pedagogia, continuam entendendo a Educação Física através dessa concepção convencional, é porque possuem um grau de percepção da realidade bastante baixo ao qual poderemos chamar de consciência intransitiva, num sentido semelhante àquele dado pelo pedagogo Paulo Freire.
Uma diferença radical entre as duas concepções é que uma considera a Educação Física como a "educação do físico", enquanto a outra a considera como uma "educação através do físico".
Pela concepção modernizadora podetiamos dizer, então, que a Educação
Física é a disciplina que, através do movimento, cuida do corpo
e da mente.
 Numa definição mais elaborada, essa disciplina poderia ser interpretada como a área do conhecimento humano que, fundamentada pela interseção de diversas ciências e por meio de movimentos específicos, objetiva desenvolver o rendimento motor e a saúde dos indivíduos.
Por essa concepção é possível entender a Educação Física como
uma "educação de movimentos" e, ao mesmo tempo, uma "educação
pelo movimento".
A Educação Física revolucionária pode ser definida como a arte e a ciência do movimento humano que, por meio de atividades especificas, auxiliam no desenvolvimento integral dos seres humanos, renovando-os e transformando-os no sentido de sua auto realização e em conformidade com a própria realização de uma sociedade justa e livre.
Os adeptos dessa idéia são, portanto, verdadeiros agentes de renovação e transformação da sociedade, pois, ao compreenderem os nossos determinismos e condicionamentos, são capazes de agir sobre eles.  Consideram a unidade entre o pensamento e a ação.
Vivendo numa sociedade repressiva, opressora e domesticadora, sabem que precisam
lutar em defesa de uma educação que verdadeiramente vise à libertação.
Essas características evidenciam que só é possível conceber revolucionariamente
a Educação Física por intermédio da chamada consciência transitiva crítica. Aquela capaz de transcender a supelficialidade dos fenômenos, nutrindo-se do diálogo, e agindo pela práxis, em favor da transformação no seu sentido mais humano.


É desse elo entre ação e reflexão que os profissionais vão retirar os elementos que servirão de alavanca na mudança desta realidade por uma outra.
Sem o comprometimento que nos engaje coletivamente na luta revolucionária em prol das reais finalidades da Educação, ou mais especificamente da Educação Física, qualquer proposta não passará de discurso vazio; simples "blá-blá-blá" que, quando muito, pode ser enriquecido com algumas frases de efeito e palavras bonitas, mas que concretamente se diluem e se perdem na complexidade de nossa existência.
Tomemos um exemplo. Talvez se perguntássemos a um profissional de Educação Física o que significa essa disciplina, a mais bela e bem construída resposta pudesse ser a mais pobre, se estivesse desprovida de sentido autêntico. Isso ocorrerá se a resposta se limitar a ser um simples conceito desprovido de senso crítico por parte daquele que o emite, e, portanto, descompromissada do agir presente, passado e futuro desse profissional. Por outro lado, alguém que responda honestamente: "não sei!" pode estar dando o primeiro passo para penetrar no real significado da Educação Física, pois estará reconhecendo a realidade de sua ignorância e abrindo espaço para a sua superação.

Nesse ponto, é preciso saber negociar com a realidade. Não se mudam as estruturas simplista e ingenuamente.

Esperar também faz parte da luta. Entre a insatisfação e a frustração existe uma diferença sutil e decisiva. A primeira pode nos empurrar para a frente, a outra pode nos paralisar indefinidamente. Ao colocar em xeque os nossos valores, propiciamos o clima indispensável para a aquisição de outros novos. Desse prisma, a crise é algo fundamental no processo de renovação e transformação. O desconforto, a angústia e a insatisfação são manifestações que podem alimentar os germes que conduzem à evolução da consciência individual (quando agimos individualmente) e coletiva (quando nos organizamos e agimos coletivamente). Só poderemos crescer na medida em que aprendermos a superar todas as contradições em que estamos envolvidos constantemente em nossa cultura e, ao mesmo tempo, a conviver com elas. Se a situação alienante em que vivem a nossa Educação e a nossa Educação Física ainda não foi percebida por muitos deseus profissionais, é sinal de que algo de bastante grave está ocorrendo. Muito mais grave e incontornável do que a própria crise que tanto assusta e desequilibra as pessoas.


Por esse quadro, podemos notar que uma Educação Física verdadeiramente revolucionária ainda está por se fazer. Ela apenas existe em estado potencial (em concepção) para aqueles que não se conformam com a triste e sombria perspectiva colocada diante de nós, caso não comecemos a questionar de maneira radical, rigorosa e global os atuais valores culturais que nos condicionam.
Essa última concepção ainda não se caracterizou como um projeto organizado capaz de agir coletivamente, elevando o ser humano a melhores níveis existenciais pelo movimento.
Os profissionais de Educação Física, quaisquer que sejam as suas áreas de atuação, s6 se realizam na medida em que assumem plenamente o seu papel como agentes de renovação e transformação. Procuram atingir os seus objetivos específicos, mas, ao mesmo tempo, são capazes de auxiliar e abrir novas perspectivas para que cada um e todos sejam donos de seus destinos.
Eles devem agir como sujeitos de sua própria história e não como peças de uma engrenagem, determinados a realizar funções específicas em face de uma educação domesticadora e autoritária que chega a anestesiar os seus anseios de conquista da liberdade.
O fato de se assumir uma Educação Física preocupada com o ser total pode significar a passagem da alienação para a libertação.
A Educação Física será subdesenvolvida enquanto estiver eminente ou exclusivamente voltada para o físico. Quando este passa a representar o fim último de suas tarefas, não se pensa em mais nada.

Mas o que dizer da área da Educação Física que trata do esporte de alta competição? Não seria, nesse caso, o desenvolvimento físico um fim em si mesmo? O que mais interessa não é o desempenho? O que interessa não é que os músculos sejam mais fortes, mais rápidos, mais
resistentes, mais elásticos e mais coordenados entre si para a realização dos movimentos mais precisos e eficientes? Atingida essa meta, não seria o resto supéJfluo? Creio que uma Educação Física centrada numa antropologia, numa verdadeira ciência humanizadora, precisa enxergar além, transcender o rendimento motor. Embora, no esporte, seus objetivos possam estar concentrados no saltar mais alto ou mais longe, no correr ou nadar mais rápido, no marcar mais gols ou mais pontos, o sentido humano dessas atividades deve ser preservado. A integridade humana não pode ficar comprometida. Os objetivos esportivos ou profissionais não devem seguir caminhos diferentes daqueles necessários para que o homem, como ser imperfeito, aperfeiçoe-se como indivíduo e como ser social.


Vivendo uma realidade que supervaloriza a vitória, nossa tendência é a de não enxergar nada além. Para nós, a vitória (muitas vezes a qualquer preço) passa a ser sinônimo de sucesso na vida. E é exatamente o que ela representa numa sociedade neurótica como a nossa. Tal postura provoca inevitáveis distorções no nosso processo de desenvolvimento social, cultural e educacional. Não é dado ao homem o direito de falhar, de errar, de ser derrotado. O movimento deveria, em qualquer circunstância, ser entendido como um modo para o homem e a mulher serem mais. E nem sempre ser mais é ganhar um título, bater um recorde, vencer uma competição. Muitas vezes, o que ocorre é que para alcançar essas metas se faz qualquer sacrifício, qualquer imoralidade, qualquer coisa... Para os que pensam e agem assim, não faz sentido afirmar que às vezes também crescemos com a falha, o erro e a derrota.
O currículo de uma faculdade de Educação Física deveria servir como referencial básico para a formação do futuro profissional, incluindo as disciplinas fundamentais consideradas de forma dinâmica e flexível. Isso significaria um currículo aberto às constantes transformações e à evolução do conhecimento científico e pedagógico voltado para a arte e a ciência do movimento humano.


 Mas, no geral, os estudos realizados se revelam quase totalmente inúteis. Representam, em última análise, uma enorme perda de tempo. As disciplinas não se identificam com a Educação Física. Não abordam, mesmo que do seu ângulo, a problemática mais ampla do corpo. Muitas vezes os professores de certas cadeiras importantes, como Psicologia, Sociologia e Pedagogia, nem ao menos têm uma noção mais exata do que seja Educação Física para poder adaptar as disciplinas às necessidades de seus alunos. Não se preocupam
em desenvolver com eles uma psicologia do movimento, uma sociologia do movimento ou uma pedagogia do movimento.
Contudo, não adianta colocar o currículo num pedestal. O que faz uma disciplina tornar-se significativa não é só o valor intrínseco do seu conteúdo, mas também a vibração que os seus responsáveis colocam no desenrolar do processo de ensino, permitindo que os alunos aprendam a se comprometer.

A Educação Física, tal qual vem sendo realizada entre nós, tem-se caracterizado pela pobreza. Ela é reflexo de uma cultura igualmente pobre em suas manifestações. Portanto, a evolução de uma cultura do corpo que fundamente a Educação Física deve ser trabalhada em duas frentes:

1. no sentido de rever criticamente seus princípios e propostas como atividade preocupada com o verdadeiro desenvolvimento humano integral;
2. no sentido de democratizá-la, permitindo que todos (promotores e beneficiários) possam ter acesso mais fácil aos conhecimentos necessários e condizentes com esse desenvolvimento
integral da mulher e do homem brasileiros por meio do movimento.
Será possível realizarmos uma Educação Física nos moldes aqui propostos? Dito de outra forma: Seremos capazes de sair de uma Educação Física convencional e modernizadora para uma revolucionária? Ou tal propósito não passa de um sonho, de uma utopia no significado mais comum e vulgar dessas palavras?
Uma concepção verdadeiramente revolucionária só pode ser concebida por categorias críticas de pensamento. Não é possível projetar essa nova perspectiva utilizando-se de uma forma de raciocínio apoiada no senso comum prevalente em nossa sociedade. Essa constatação nos permite concluir que uma mudança de concepção implica uma gradual mudança de percepção da nossa realidade, vale dizer, de uma gradual mudança de consciência.
É preciso caminhar da consciência do senso comum em direção à consciência crítica. E esse é um processo que não ocorre de maneira isolada e individual, ou seja, distante do mundo e dos outros. Adquirir uma visão ampla e profunda dos problemas de nossa realidade é uma tarefa coletiva, que se constrói fundamentalmente pelo diálogo e pela práxis, promovendo a solidariedade, a união e a organização necessárias ao crescimento humano. Portanto, transformar nossa consciência significa transformar o sentido da nossa própria existência.
Sem esta predisposição é impossível qualquer mudança radical. Mas exploremos um pouco, neste final, o tema da utopia. Em seu sentido vulgar ela é entendida como um sonho impossível. Algo irrealizável, fruto de nossa imaginação apenas. Uma simples projeção de
imagens e idéias. Em princípio, seria algo que não está presente aqui e agora. Nossa sociedade tem repelido a utopia. Dizem que o homem moderno não pode ser utópico. Sem dúvida que se pensarmos exclusivamente do ângulo apresentado, estaremos fugindo da realidade, do aqui
e do agora, e seu valor pode ser questionado.

Vejamos, porém, o outro lado da questão. Se vivemos numa realidade que não nos satisfaz, há
necessidade de pensarmos numa nova. E essa nova perspectiva da realidade só pode começar com a utopia, como um sonho. Quando colocamos à nossa frente algo a ser perseguido estamos diante de um projeto utópico. Aliás, todo projeto é sempre uma utopia, ou seja, é algo
que ainda não existe. Quanto mais claro e elaborado for esse projeto, mais força reuniremos para direcionar as nossas ações na consecução daquela meta.
Se concordarmos que o homem é um ser social incompleto, inacabado e imperfeito, perceberemos que ele só pode se realizar, individual e coletivamente, por meio de projetos utópicos que o levem na direção do completo, do acabado e do perfeito. E por acaso não será esse fenômeno a mola propulsora do nosso agir com sentido humanizante?
Igualmente um projeto pedagógico sério - base para uma nova Educação Física - tem de ser dinâmico e estar constantemente se renovando, constituindo-se numa eterna utopia que leve o homem a ser cada vez mais e melhor do que é.
Claro que sonhar apenas não é suficiente. É preciso agir. Mas agir em direção a alguma coisa. É preciso ter objetivos. É preciso, sobretudo, ter finalidades. Somente um projeto (utópico), levado às suas últimas consequências práticas, será capaz de mudar o nosso destino.
             A esse respeito dou razão para Teixeira Coelho quando comenta: (...) é a imaginação utópico, ponto de contato entre a vida e o sonho, sem o qual o sonho é uma droga narcotizante como outra qualquer e a vida, uma sequência de banalidades insípidas.
É ela que, até hoje pelo menos, sempre esteve presente nas sociedades humanas, apresentando se como elemento de impulso das invenções, das descobertas, mas, também, das revoluções. É ela que aponta para a pequena brecha por onde o sucesso pode surgir, é ela que mantém a crença numa outra vida. Explodindo os quadros minimizadores da rotina, dos hábitos circulares, é ela que, militando pelo otimismo, levanta a única hipótese capaz de nos manter vivos: mudar de vida.
Sabemos que qualquer tentativa de mudança radical, que pretenda mexer com as estruturas da sociedade, esbarrará sempre nas críticas e nos demais mecanismos que atuam em sua defesa. Tais tentativas serão quase sempre devidamente eliminadas ou amenizadas. Os canais por
onde deveria fluir a energia das pessoas, necessária à procura de novos
rumos, são apropriadamente obstruídos. E é por aí que muitos desistem
ao longo do caminho. Tornam-se acomodados, alheios a muitos aspectos
básicos à sua própria vida, perdem a esperança, entram em "estado de
coma", morrem.
Lamentavelmente a Educação Física tem vivido excessivamente ao sabor da moda. Ela tem sido prática condicionada a uma estrutura que a estrutura maior montou para ela. Seus profissionais não possuem um projeto autônomo para colocá-la a serviço da nossa coletividade, valorizando o corpo na totalidade de suas relações consigo mesmo, com os outros e com a natureza. Essa área da atividade humana vem descambando obsessivamente para o rendimento motor, da mesma maneira como o nosso sistema descambou obsessivamente para o lucro.

Portanto, antes de um desafio profissional, estamos diante de um desafio existencial. Estaremos aptos a realizar as mudanças necessárias, dando uma nova dimensão à Educação Física? A palavra está com aqueles que, ligados à área, ainda acreditam no ser humano. Com aqueles que ainda são capazes de ter esperança, apesar de tudo. A eles cabe o papel de assumir o movimento que redimensione as possibilidades da Educação Física. A eles cabe, enfim, desencadear a revoluçc7o, lutando em favor da autêntica humanização dessa disciplina. Mesmo porque parece não restar outra opção.